sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A propósito de...

...Barco de Chocolate
Os alunos reescreveram e ilustraram contos
 O colar de Deolinda
       Vou contar-vos a minha história… Começo por dizer-vos que sou um cordão de ouro feito com o ouro mais bonito, encontrado no Alto Minho, e trabalhado por um ourives de Ponte de Lima no princípio do séc. XIX.
        A minha primeira dona foi uma bela jovem chamada Deolinda, que me recebeu como prenda de aniversário oferecida pelos seus pais. Era a mais nova de quatro irmãs e a mais alegre de todas. Tinha sempre histórias engraçadas para contar e ninguém à sua volta estava triste.
      Sempre que havia festas e feiras, a Deolinda levava-me, toda vaidosa, ao seu pescoço e exibia-me com o seu traje típico de minhota. Nesses dias, ficava tão tonto de girar por todo o lado… Deolinda passava o tempo a dançar, mesmo com o meu peso ao pescoço.
      Nessa altura, eu era ainda muito comprido e para ser usado tinham de dar três voltas ao pescoço. Era assim que deveria ser usado, porque era essa a tradição minhota.


 
Mas a Deolinda casou – se e teve seis filhos, dois rapazes e quatro raparigas. Entre as raparigas, houve uma que morreu e por isso acabei por ser dividido em três partes, quando a minha dona morreu. Duas partes de mim foram com as suas novas donas para a França e outra parte veio para Lisboa e, agora, está com a neta mais nova da Deolinda. A minha nova dona é tão alegre e cheia de energia como a antiga. Também ela gosta de me exibir,  mas já não veste o traje típico minhoto. Em vez disso, veste o seu traje de trabalho, um blazer e calças escuras para ir para o escritório. Esses dias são aborrecidos e longos e só me alegro quando ao fim do dia chega a casa para abraçar as suas três filhas amorosas. Eu próprio sinto o calor desses abraços, que me fazem relembrar os mesmos abraços que Deolinda dava aos seus seis filhos.
    Sei que quando olham para mim, todos a recordam também, sentido saudades da sua alegria, do seu amor e companhia. Espero continuar a passar de geração em  geração nesta família e levar a todos a mesma alegria que Deolinda dava. Sei que agora valho mais do que valia antes, mas não é só por isso que sou valioso. Sou mais valioso porque tenho muitas  histórias para contar, que relembram os familiares queridos que já partiram.
 
 
Texto de: Carolina Antunes, 6.º G
Boas Leituras!

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